A BR 381 revela muito mais do que uma
rodovia ultrapassada e traiçoeira, ela expõe um Estado decadente, sem voz e sem
vez. Pior, ela nos apresenta uma geração de políticos fracos, sem ideais,
omissos, todos preocupados com as suas carreiras e com os interesses pessoais.
São os 300 km de estrada mais caros da historia de Minas Gerais em perdas
humanas. Contudo, ricos em revelações e exemplos que não devem ser seguidos
pelas futuras gerações. Em qualquer País de democracias adultas e de
instituições fortes, o imbróglio da BR 381 já teria sido motivo para derrubar
ministros, presidentes, procuradores federais omissos, deputados oportunistas,
engenheiros incompetentes e agentes públicos negligentes. Duas décadas se
passaram e o tema já deixou de ser um problema em si e passou a ser um assunto
de Estado.
Onde já deveriam ter 6 pistas,
privatizadas e seguras, mendiga-se uma rodovia duplicada. É a historia do filho
feio sem pai, que provoca muito barulho e pouca atitude concreta. Pelo menos
duas dúzias de políticos OPORTUNISTAS foram eleitos prometendo resolver o
assuntos.
Contudo, entra ano, sai ano, e a 381 continua matando, sem piedade. Ha
os que argumentam que as mortes é por conta da imprudência, esquecem que toda
vez que um imprudente age, mata um prudente e sua família. A União deveria ser
responsabilizada, mas não é, vale os argumentos dos agentes da PRF, sempre
repetindo a mesma ladainha: “A culpa foi da imprudência”. Bastaria fazer
comparações com SP que tem 22 milhões de veículos, e 8 vezes menos mortes do que
MG que tem apenas 7,8 milhões. Isso por si só já seria um indicio de que algo
está errado com as nossa rodovias de pista simples que facilitam as colisões
frontais, causa de 85% das mortes.
A Rodovia da Morte já fez deputados
federais, estaduais, vice presidentes, superintendente geral do DNIT, prefeitos,
senadores e até vereadores, mas nenhum deles conseguiu apresentar resultados que
mudasse o cenário. A Presidente Dilma, que se diz mineira, fez promessas com
pompas e direito a primeira pagina de jornal. O Ministro Paulo de Tarso, dos
Transportes, veio pessoalmente e um exército de bajuladores bateram palma e
proclamaram: Agora vai... E nada aconteceu! Será que Minas terá que eleger um
governador do PT ou o Brasil terá que eleger um presidente do PSDB para que a
381 seja tratada com a urgência que ela merece? Onde vivem os homens que lidam
com a burocracia? É justo perguntar se eles residem em outro planeta? Ou agem
pela lógica perversa da política partidária nacional que visa tão somente o
poder, pelo poder? Possivelmente, nenhum deles conhece a realidade da 381, moram
longe e são insensíveis, jamais serão punidos pelo crime de
prevaricação.
Se o Brasil tivesse instituições
realmente fortes e autônomas, a serviço do povo, o MP Federal já teria exigido
respeito pela vida e teria interditado essa rodovia, ou pelo menos parte dela.
Contudo, um clube não transita no terreiro do outro e tudo segue a lógica do
toma lá, da cá. Foram 10 anos e 20 milhões em um projeto executivo que prevê
apenas a duplicação , quando o correto é reconstruir a rodovia, com traçado
menos sinuoso e mais seguro, inclusive mais barato. Um projeto diferente daquele
feito em rotas de burros há 60 anos. É inacreditável que um erro desta magnitude
passe em branco e que nenhum agente publico seja punido. Nas empresas privadas,
quando erramos, pagamos com o próprio emprego. No DNIT, o erro virou rotina,
regra e não exceção. Ele é apenas um órgãos que serve aos partidos e políticos
"generosos". Triste sina de um povo, cujo modelo político eleitoral visa atender
apenas a interesses pessoais, em uma novela mexicana sem fim onde muda-se os
personagens, mas os atores continuam os mesmos.
José Aparecido
Ribeiro
Presidente do Conselho Empresarial de
Política Urbana da ACMinas
Fundador da ONG SOS Rodovias
Federais.
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