quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A Emenda e o Soneto



por Leo Soltz
 

O cotidiano de cada um de nós vem sendo alterado pelas novas estruturas de distribuição de renda, possíveis depois de um longo período de dependência das grandes potencias internacionais com as quais o país se relacionava para financiar projetos expansionistas ou mesmo de rolagem de dividas contraídas -... Foram tempos difíceis.
 A partir do período FHC, por uma série de fatores internos e externos a estabilidade se implantou e, por conseguinte um novo status social foi sendo delineado ao longo dos Governos Lula e Dilma.

Com este caminho, geramos uma nova curva de consumo. Na prática, as pessoas passaram a consumir mais bens e serviços e com o processo de distribuição de renda alterado, uma grande fatia deste bolo passou a ser representada no corte da classe B, hoje com quase 50% da população brasileira.

Este novo e importante momento traz consigo grandes desafios.

Na questão do consumo, o que podemos dizer é que o mesmo vem sendo desenfreado com características, ao que nos parece, podem vir de encontro no futuro ao que hoje vive a Europa e EUA. Uma expressiva crise. 

Não se trata aqui de jogar por terra o lado bom destas conquistas e resultados alcançados. 

A questão é por quanto tempo este cenário pode perdurar. Até que ponto o governo conseguirá manter em marcha evolutiva suas políticas de expansão de consumo sem desestruturar por completo suas reservas, envolver neste imbróglio suas estatais e ainda, emitir papeis da divida pública para alinhavar tais práticas. Algumas muitas, populistas e que não são de hoje. 

Cabe aqui ressaltar que o endividamento público do país alcançou em 2012 a cifra de três trilhões. Isso mesmo, trilhões. 48% de tudo o que se arrecada está comprometido para tais pagamentos.

Para contribuir ainda mais com este raciocínio, o crescimento e o índice de confiança do empresariado brasileiro vem caindo vertiginosamente e a expansão real da economia não ultrapassou a casa de um digito em 2012. Resultado pífio ocasionado por um modelo de gestão que não vem buscando de forma séria e consistente evoluir sua visão e perceber os erros cometidos no passado.

No âmbito federal e também em alguns estados, o que se estruturou foi uma grande manobra contábil, aonde números de crescimento são forjados para que o cenário não pareça tão calamitoso quanto realmente o é. 

As metas fiscais de 2012 também são alvo de denuncias entre os partidos da oposição que protocolaram recentemente na Câmara, pedido de explicações para os atuais Ministros da Fazenda e do Planejamento sobre o argumento de supostas manobras e maquiagem.

Não se trata, contudo, de um privilegio do Governo Federal. Alguns estados brasileiros vêm se valendo das mesmas prerrogativas em operações suspeitas para atingir seus superávits primários, apresentando números positivos aos cidadãos e a uma imprensa que os quer receber muitas vezes, sem analise. Números equivocados em sua essência, com casos concretos de inclusão de empréstimos como receita. 

Dá para acreditar?!

Não podemos de forma alguma esquecer nosso papel de sociedade organizada e investigativa. Apenas assim poderemos evitar um caos social em médio prazo no nosso país. Os grandes prejudicados em economias como a Grega e a Espanhola são as pessoas que acreditaram em situações e manobras similares e hoje enfrentam um nível de desemprego que chega à casa de 30%. 

O que tais “lideres” esqueceram é que a emenda poderia ficar pior do que o soneto.
E ficou.

Leo Soltz*

*Leo Soltz é empresário nos setores de tecnologia e entretenimento. Casado, pai de Sophie escreve para sensibilizar pessoas e deixar um mundo melhor para sua filha e por indignação às mazelas do dia a dia.
leonardo@soltz.com.br

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